Caríssimos irmãos e irmãs: (reflexão
para o 4º domingo da quaresma):
Na nossa caminhada quaresmal rumo a
santa páscoa, a Igreja nos apresenta este evangelho da parábola do Pai misericordioso. Vejamos
primeiro qual é o contexto em que Jesus conta tal parábola: Um grupo de
fariseus e escribas criticava Jesus, pela atenção especial que ele dava aos
marginalizados, muitas vezes tidos como “pecadores” pela sociedade de então.
Jesus responde às críticas com três parábolas, as famosas parábolas da
misericórdia, a saber da Ovelha, da moeda e do Pai misericordioso. Aqui Jesus
revela para nós a grande bondade e misericórdia de Deus em favor do seu povo,
especialmente dos pequenos e abandonados e excluídos.
O filho mais jovem cansado da rotina na casa
de um pai que lhe parecia rígido, decide partir
para longe levando sua porção da herança na mochila e vai dissipar seus
bens numa vida dissoluta... Quando lhe sobrevém a desgraça, ensaia um
discursozinho para conseguir tirar do pai a comida que lhe mataria a fome. Mas eis
que o pai estava lá esperando pela volta do filho: o acolhe com abraços e
beijos porque “é pai e não padrasto”. O filho mais velho, ao ver que o pai
fazia festa pela volta do filho rebelde, tem uma crise de ciúme e inveja e não
quer entrar para a festa.
Estamos diante de uma das páginas
mais belas de todo o evangelho. Aqui em S. Lucas, como já dissemos, faz parte das chamadas parábolas da misericórdia, sendo a mais
importante.
A liderança religiosa discutia a atitude de
Jesus, porque se sentia incomodada com a atenção e o cuidado que ele dispensava
aos pobres e pequenos. Então Jesus contou esta parábola para dar uma “cutucada”
neles. O Deus de Jesus Cristo é sempre pronto ao perdão, ao acolhimento, à
reconciliação; está sempre esperando a volta do pecador.
O pai desta parábola é imagem de
Deus que acolhe e ama incondicionalmente; reparemos que o filho mais novo volta
porque tem fome; ele não veio reconhecer o abandono da casa paterna e nem pedir
perdão ao pai por ter-lhe magoado... Também o filho mais velho, apesar de ser
obediente às ordens do pai, não consegue enxergar o irmão, isso é inveja. E
hoje temos exemplos de uma religiosidade intimista de quem invoca Deus como
Pai, sem, contudo, querer enxergar os outros, os mais carentes, como irmãos...
Nossas comunidades ainda precisam superar certo legalismo dos que se “sentem”
sempre na casa do Pai, mas não acolhem o outro que chega machucado e necessita
de cuidados...
Que nesta quaresma, preparando-nos
para celebrar a santa páscoa de nosso Senhor, façamos de nossa intimidade com o
Pai, um compromisso de servir aos outros, sobretudo os mais necessitados de
afeto, de carinho, de pão, de solidariedade, de remédios, etc. – Louvado seja
n. s. Jesus Cristo! [ pe. Celso Nilo Luchi,cr].